Por isso, é necessário prestarmos a maior atenção à mensagem que temos recebido, para não acontecer que nos desviemos do caminho reto.
A palavra anunciada por intermédio dos anjos era a tal ponto válida, que toda transgressão ou desobediência recebeu o justo castigo.
Como, então, escaparemos nós se agora desprezarmos a mensagem da salvação, tão sublime, anunciada primeiramente pelo Senhor e depois confirmada pelos que a ouviram,
comprovando-a o próprio Deus por sinais, prodígios, milagres e pelos dons do Espírito Santo, repartidos segundo a sua vontade?
Não foi tampouco aos anjos que Deus submeteu o mundo vindouro, de que falamos.
Alguém em certa passagem afirmou: Que é o homem para que dele te lembres, ou o filho do homem, para que o visites?
Por pouco tempo o colocaste inferior aos anjos; de glória e de honra o coroaste,
e sujeitaste a seus pés todas as coisas (Sl 8,5s). Ora, se lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que não lhe ficasse sujeito. Atualmente, é verdade, não vemos que tudo lhe esteja sujeito.
Mas aquele que fora colocado por pouco tempo abaixo dos anjos, Jesus, nós o vemos, por sua Paixão e morte, coroado de glória e de honra. Assim, pela graça de Deus, a sua morte aproveita a todos os homens.
Aquele para quem e por quem todas as coisas existem, desejando conduzir à glória numerosos filhos, deliberou elevar à perfeição, pelo sofrimento, o autor da salvação deles,
para que santificador e santificados formem um só todo. Por isso, (Jesus) não hesita em chamá-los seus irmãos,
dizendo: Anunciarei teu nome a meus irmãos, no meio da assembléia cantarei os teus louvores (Sl 21,23).
E outra vez: Quanto a mim, ponho nele a minha confiança (Is 8,17); e: Eis-me aqui, eu e os filhos que Deus me deu (Is 8,18).
Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio,
e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda a vida sujeitos a uma verdadeira escravidão.
Veio em socorro, não dos anjos, e sim da raça de Abraão;
e por isso convinha que ele se tornasse em tudo semelhante aos seus irmãos, para ser um pontífice compassivo e fiel no serviço de Deus, capaz de expiar os pecados do povo.
De fato, por ter ele mesmo suportado tribulações, está em condição de vir em auxílio dos que são atribulados.